Apex faz capacitação na
Unisc para projeto de exportação
Foi realizado na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), de 18 a 20 de fevereiro, o curso de capacitação dos extensionistas que irão atuar no Projeto Extensão Industrial Exportadora (Peiex) na região. A iniciativa é da Apex-Brasil e tem o apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Sebrae Nacional, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), de entidades setoriais e da Universidade de Santa Cruz do Sul.
O lançamento do projeto na região ocorreu em outubro com uma palestra com Alessandro Teixeira, presidente da Apex-Brasil e secretário executivo do Joint Economic and Trade Comitte (Brasil-UK) e do Fórum de CEO's (Brasil-EUA). O projeto dará início a um trabalho inovador, que terá como objetivo principal a resolução de problemas técnico-gerenciais e tecnológicos que visa incrementar a competitividade e promover a cultura exportadora empresarial no Vale do Rio Pardo, no Centro-Serra e na região Central do Rio Grande do Sul.
Abaixo, alguns trechos da palestra de Alessandro Teixeira proferida na ocasião do lançamento do programa, em outubro.
O que é o Projeto Extensão Industrial Exportadora.
Esse projeto nasceu há muito tempo, organizado pelo então diretor da Sedai, César Reck. Foi criado inicialmente junto à Sedai atuando de forma diferente, basicamente auxiliando as empresas na modernização e no uso de novas técnicas. Um dia conversamos e questionamos por que não adaptar esse projeto para auxiliar também as empresas a exportarem. Basicamente, o Peiex é um projeto da Apex-Brasil de incremento à competitividade e promoção da cultura exportadora empresarial, por meio da solução de problemas técnico-gerenciais e tecnológicos. O projeto identifica e capacita empresas para participar das ações realizadas pela Apex. Com isso, buscamos tornar as indústrias mais competitivas a ponto de disputar espaço no mercado externo e tornar o Brasil uma referência mundial em termos de exportação de produtos e serviços.
Por que a escolha pela Unisc como parceira e o papel da Universidade nesse projeto.
Muita gente me perguntava, quando iniciamos o programa, por que trabalhar com essa região, por que sediar aqui um projeto de extensão que visa atender a empresas industriais. E eu destaco dois pontos importantes. Primeiro, pela estrutura da Universidade. Tendo uma boa estrutura, trabalhando seriamente, com excelentes cursos e com um quadro técnico muito profissionalizado, nos dá muita segurança de que estaremos bem "emparceirados" para realizar um importante trabalho para a região. Segundo porque a região onde a Unisc se situa é extremamente importante do ponto de vista econômico do Estado, tem um nível de renda média elevado, representa uma parcela importante da formação de profissionais qualificados no Estado e, portanto, precisa ter um trabalho de construção, de auxílio, que reverta qualquer problema que tivermos amanhã ou depois com as exportações de fumo. Sendo realista, essa é uma situação que a gente já espera aqui no futuro, com acordos-quadros internacionais e com leis cada vez mais fortes de restrição ao fumo. Em toda a Europa, nos Estados Unidos, no Canadá e, agora, provavelmente na China e no Japão, vamos viver o mesmo problema.
Os efeitos que a crise mundial teve sobre as exportações no Brasil e no Rio Grande do Sul?
Os economistas discutem se a atual crise internacional já não é a mais grave da história moderna depois da chamada crise de 29. Nós temos, aliado à crise, um problema de reforma das instituições multilaterais e reforma do ponto de vista de direto internacional da relação entre matriz subsidiária, problemas de remessa de lucros, de monitoramento do sistema financeiro internacional, entre outros. É um processo um pouco mais complexo do que as crises anteriores, que não fica restrito apenas ao desaquecimento da economia. Mas ninguém sabe dizer ainda a dimensão exata dessa crise e nem quanto tempo ela irá durar. Também não se sabe o que será afetado. O que se sabe é que, obviamente, teremos uma queda no consumo mundial, uma queda dos investimentos mundiais, mas não o quanto a economia real vai ser afetada. Alguns setores, como o automobilístico, já dão mostras de prejuízo, com demissões nas principais empresas. No setor fumageiro, que depende do consumo médio, e os principais países para onde a região de vocês exporta são os Estados Unidos e a União Européia, totalmente afetados pela crise,
Como ele avalia os reflexos da crise no Brasil e a atuação do Governo Federal.
Hoje o Brasil é responsável pelo maior crescimento, em termos percentuais, no recebimento de investimentos internacionais. No ano passado nós tivemos o recorde de 35 milhões de dólares na atração de investimentos. Nas exportações, para se ter uma idéia, em 2002 nós exportávamos 60 bilhões de dólares. No ano de 2008 devemos chegar a 190 bilhões de dólares. Quase quadruplicamos as exportações brasileiras. O Brasil abriu novos mercados, agregando valor. Estipulamos mercados prioritários, em que o País teria potencial de crescer mais em termos de exportações, de vender mais, de buscar maiores clientes. Trabalhamos com uma lista de 23 novos mercados, já prevendo um desaquecimento da economia européia e da economia norte-americana. O Brasil já não depende apenas destes mercados, e esse é o principal fator que distancia o País de uma gravidade maior diante da atual crise. O Banco Central optou corretamente por não ter deixado a moeda em "âncora", ou bandas cambiais, pois se assim tivesse feito o Brasil teria queimado quase todas as reservas e teria um problema sério do ponto de vista de balanço de pagamento.
O perfil das empresas da região no que diz respeito às exportações.
Num futuro breve, o setor fumageiro tende a ter um peso cada vez menos importante na economia mundial e, principalmente, na economia da região. Então, essa discussão que muitos países fazem da reconversão industrial e daquilo que pode ser alternativas produtivas impacta não somente a vida de vocês, como também o futuro dos estudantes que tem aí um mercado de trabalho. O complexo fumageiro é o segundo complexo produtivo em termos de exportação no Estado. Portanto, ele tem um peso muito grande na pauta de exportação.
Como a Apex pretende atuar na região visando incrementar ainda mais a competitividade e promover a cultura exportadora empresarial.
Essa é a terceira região em que assinamos um convênio para o Peiex. A primeira foi a região metropolitana, em parceria com a IEL, o Senai e a Fiergs. Depois tivemos a região de Lajeado, no Vale do Taquari, visando atrair mais empresas do ponto de vista para a exportação. Hoje nós trabalhamos diretamente com mais de 5 mil empresas, e esperamos conseguir rapidamente dobrar esse número. A Apex é hoje a responsável por toda a parte de promoção e atração de investimentos, que é uma das áreas mais fortes no cenário internacional. Nessa área temos atualmente vários profissionais dedicando-se à atração de investimentos e a todos os desdobramentos dessa área. E o papel da Apex é não só promover as exportações mas, basicamente, trabalhar serviços de forma mais agregada. Nós temos desde a área publicitária, de cinema, de música, enfim, todos os diferentes setores, como aviões, auto-peças. Quando vocês vêem a participação dos filmes brasileiros no Festival de Cannes, por exemplo, a Apex está por trás da organização. São 75 setores da indústria brasileira. E nosso papel é buscar a internacionalização das empresas brasileiras, dos seus setores produtivos, atuando na atração de investimentos e com a imagem. O que fazemos, basicamente, é entregar ao setor produtivo estratégias condizentes com o processo de internacionalização. Nossos resultados são, dessa forma, colocar o mundo em contato com o Brasil e o Brasil em contato com o mundo. Por fim, o resultado disso é que a gente consiga gerar mais emprego e renda. Aqui na região, podemos descobrir empresas que têm algumas vocações e que podem ter outras. Nós temos conhecimento do mercado e sabemos onde tem demanda. E em conjunto com outras instituições, pretendemos auxiliar as empresas para que elas possam estar estruturadas e dê resultado para colocar o seu produto no exterior. O que teremos aqui, na prática, é um núcleo com sete extensionistas, cada um responsável por determinada área, como contabilidade, comércio exterior, engenharia, entre outros. Será feito um diagnóstico nas empresas interessadas da região para identificar as suas necessidades. Depois serão implantadas as melhorias indicadas no trabalho de análise, com acompanhamento do núcleo operacional.--
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